O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é uma subespécie do lobo-cinzento que ocorre na Península Ibérica. A sua população atual deve rondar os 2000 lobos, dos quais cerca de 300 habitam a região norte de Portugal. A subespécie foi descrita pelo cientista espanhol Ángel Cabrera em 1907.
Características
Um pouco menor e esguio que as outras subespécies do lobo-cinzento, os lobos-ibéricos machos medem entre 130 a 180 cm de comprimento, enquanto as fêmeas medem de 130 a 160 cm. A altura ao garrote pode chegar aos 70 cm. Os machos adultos pesam geralmente entre 30 a 40 kg e as fêmeas entre 20 a 35 kg.
A cabeça é grande e maciça, com orelhas triangulares relativamente pequenas e olhos oblíquos de cor amarelada. O focinho tem uma área clara, de cor branco-sujo, ao redor da boca. A pelagem é de coloração heterogênea, que vai do castanho amarelado ao acinzentado mesclado ao negro, particularmente sobre o dorso. Na parte anterior das patas dianteiras possuem uma característica faixa longitudinal negra.
A época do acasalamento abrange o final do inverno e princípio da primavera (fevereiro a março). Após um período de gestação de 2 meses nascem entre 3 e 8 crias (lobachos), cegas e indefesas. As crias e a mãe permanecem numa área de criação e são alimentadas com comida trazida pelo resto da alcateia.
Por volta de outubro as crias abandonam a área de criação e passam a acompanhar a alcateia nas suas deslocações. Os jovens lobos alcançam a maturidade sexual aos 2 anos de idade. Aos 10 anos já são considerados velhos, mas em cativeiro chegam a viver 17 anos.
Alimentação
A sua alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos de pastoreio em cada região. A vida em alcateia permite ao lobo caçar animais bastante maiores que ele próprio.
As suas principais presas são o javali e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita os cadáveres que encontra, isto é, a maior parte das vezes é necrófago. [animal que se alimenta de restos mortais de seres vivos]
Comportamento
O lobo-ibérico vive em alcateia de forte organização hierárquica. O número de animais numa alcateia varia entre os 3 a 10 indivíduos e está composta por um casal reprodutor (casal alfa), um ou mais indivíduos adultos ou subadultos e as crias do ano. A alcateia caça e defende o território em grupo.
Os indivíduos de uma alcateia percorrem uma área vital que varia em tamanho de acordo com as características da região. Em Portugal, as áreas vitais são relativamente pequenas, entre 100 e 300 km². Procurando presas, os lobos podem percorrer entre 20 a 40 km diários dentro do seu território. Essas deslocações ocorrem geralmente à noite.
Distribuição
Ainda no século XIX o lobo distribuiu-se por quase todo o território da Península Ibérica. Ao longo do século XX, a caça e a redução do habitat natural causaram a sua extinção na maior parte desse território. Atualmente o lobo-ibérico está praticamente restrito ao quadrante noroeste da península.
Conservação
Como em toda a Europa, o lobo é temido pelas pessoas na Península Ibérica desde tempos antigos. A alegada ferocidade do lobo e o roubo de animais de criação levaram à caça sistemática destes canídeos, que tiveram a sua área de distribuição geográfica muito reduzida. Enquanto que no início do século XX os lobos ainda se distribuíam por quase todo o território continental português, calcula-se que hoje esses animais ocupem apenas 20% da sua área de distribuição original.
Apesar de a caça ser hoje proibida, o lobo ainda é ameaçado pela destruição da vegetação nativa e a construção de grandes infraestruturas, como autoestradas, que fragmentam os habitats. A diminuição do número de presas naturais do lobo, como o javali e o veado, levam os lobos a atacar animais domésticos e a entrar em conflito com as populações rurais.
Em Portugal o lobo-ibérico é classificado como espécie "em perigo", enquanto em Espanha é classificado como "vulnerável". A população de Lobos Ibéricos tem vindo a aumentar devido aos esforços de conservação tanto em Portugal como em Espanha.
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